Você já se perguntou por que a disponibilidade das cadeiras dos ônibus são semelhantes a uma fila indiana em que, durante seu trajeto, você fica rente a nunca da pessoa que se senta a sua frente? Já parou para pensar porque para pagar uma conta no banco é necessário retirar uma senha, entrar numa fila e esperar ansioso a ordem da chamada para ser atendido? Talvez você saiba porque para estar bem vestido você tenha de estar usando uma roupa da moda, ou para ser popular você tem que ter uma extensa lista de contatos. Perguntas bobas, mas que entre muitas outras talvez você nunca tenha se perguntado.
Esta semana uma agência de notícias publicou uma nota que justificava porque a ordem das teclas do teclado não estão em ordem alfabética. Engraçado, talvez você seja um excelente manuseador de um computador e que entenda tudo sobre os programas, lógicas e configurações da tecnologia que mais nos atrai na contemporaneidade e nunca tenha sequer observado que as teclas de seu teclado são um tanto, desorganizadas.
O engenheiro americano Christopher Scholes, inventor do teclado QWERTY, nome dado devido a disposição das seis primeiras letras, patenteou sua criação que foi baseada na padronização da disponibilidade de letras da antiga máquina de escrever no a ano de 1968. As letras que foram organizadas com combinações dos pares de letras mais utilizadas na língua inglesa, foram apenas plagiadas e aperfeiçoadas do modelo já criado pelo parceiro comercial de Scholes, James Desmore.
De acordo com a agência de notícias, apartir da criação, o padrão criado pelo engenheiro tornou-se bastante popular em todo o mundo. Apesar do mercado já oferecer outros modelos de disposições de letras de teclados, no Brasil, cerca de 99% dos teclados estão no padrão QWERTY. Além deste há ainda outros padrões, como o DVORAK, que recebeu o sobrenome de seu criador, o modelo possui todas as vogais do lado esquerdo do teclado e as consoantes mais comuns do lado direito, permitindo uma velocidade de digitação mais rápida. Além desses mais conhecidos há também o ABCDE, XpeRT, AZERTY, cada um recebendo o nome das primeiras teclas do padrões. Porém nenhuma das adaptações do teclado americano se tornou tão popular como o de Scholes.
O filósofo Edgar Morin, grande contribuidor das pesquisas da comunicação, pregava em seu discurso sobre a necessidade de compreender a sociedade sob todos os seus aspectos históricos, sociais, econômicos e, principalmente, a relação entre o consumidor e o objeto de consumo. Talvez esse não fosse o foco de sua pesquisa, mas a indagação da agência ao noticiar a informação acerca da padronização dos teclados leve a sociedade a perceber e a indagar-se sobre outros aspectos importantes da padronização imposta pela sociedade. E aí se faz valer os fundamentos básicos da pesquisa de Morin. O consumidor pode não ter liberdade total, mas tem mecanismos como a auto-seleção para fazer frente a mensagens ou produtos com os quais não se identifica.
Morim destaca em sua pesquisa a necessidade de “uma imagem da vida desejável, o modelo de um estilo de vida, que finalmente esboçam, como as peças de um quebra-cabeças, os múltiplos setores e temas da cultura de massa”.
Apartir de uma auto-reflexão das coisas simples que acontecem ou fazem parte do cotidiano das pessoas seja mais fácil perceber que ao redor existem milhares de coisas e pontos para serem questionados e repensados, para que no futuro sejam percebidas com um olhar mais apurado. Para que as coisas passem a não ser “empurradas” para a sociedade mas sim entendidas de uma plataforma com conhecimento mais elevado.
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